domingo, 25 de outubro de 2009

OS 89 ANOS DE EMANCIPAÇÃO, LUTA E TRABALHO DE DORES

Nossa Senhora das Dores
89 anos de Emancipação, progresso e trabalho

Vocacionada para a agropecuária desde a sua fundação, Dores também já se destacou na produção de algodão; foi no século XVIII que momentaneamente a criação de gado bovino cedeu lugar ao cultivo do algodão. Passado algum tempo veio a decadência e o gado volta a ser o destaque.

Mas, a dinamicidade do povo dorense aliada à qualidade das terras férteis fez com que novamente a bovinocultura cedesse espaço para mais uma atividade, desta vez dividindo espaço com o setor sucroalcooleiro. Foi no final do ano de 2008 que o município de Nossa Senhora das Dores passou a contar com o funcionamento de uma das mais modernas usinas de beneficiamento de cana-de–açúcar do Brasil.

A Usina Campo Lindo, significa um investimento inicial de R$120 milhões, uma área plantada de 7 mil hectares, empregando inicialmente cerca de 200 famílias na indústria e 950 vagas no campo. Já em franca atividade, o corpo diretivo da empresa espera que até 2010 a empresa gere 1,7 mil empregos.

A cidade já vive uma nova era, não só gerando dias melhores para os cidadãos, como também para o comércio em geral, mas também tem assistido o progresso na criação de novos loteamentos, rede hoteleira e construção civil.

O município tem 26 povoados, em todos eles e na sede, os cidadãos, inclusive os estudantes recebem assistência, a começar pelo transporte escolar nos três turnos, também a assistência médica. Parcerias entre as três esferas governamentais tem feito com que os cidadãos encontrem novas oportunidades de emprego, como fruto de cursos que são ministrados. Como também programas assistenciais diversos.

Várias universidades já implantaram pólos em Nossa Senhora das Dores, oferecendo diversos cursos, influenciando na melhoria do ensino nas escolas. Seminários e jornadas tem propiciado a constante reciclagem daqueles que compõem o setor educacional do município.

Reconhecida além fronteiras como a terra da melhor carne de sol do estado, semanalmente em seu abatedouro regional são abatidas mais de duzentas rezes, abastecendo o próprio mercado como também a capital e algumas cidades do interior do estado.

A agropecuária Santa Sara instalada no município há algum tempo é reconhecidamente outra grande empresa que fazendo uso de modernas tecnologias tem contribuído para o desenvolvimento local, principalmente na criação de gado bovino leiteiro, gerando matéria prima para o setor de laticínios.

Também em Nossa Senhora das Dores está localizada a “Cidade do Rodeio”; é assim que todo o Brasil conhece o espaço que recebe o nome de “Spaço Ban”, onde anualmente no mês de novembro é realizada a ‘Festa do Boi’, reconhecidamente a maior festa de rodeio profissional do norte e nordeste brasileiro, sendo chamada de a Barretos Nordestina.

O espaço é localizado no centro da cidade, onde tem um estacionamento que comporta 3 mil veículos; também em cada um dos quatro dias no local acontece a Feira Agrocomercial, com stands diversos. Bandas de vários estados brasileiros marcam presença, além de primar pela valorização dos artistas do estado. Trata-se do maior evento do município e que também tem contribuído para geração de emprego e renda para a população local, indo desde o catador de latas, até o surgimento de novos empreendimentos hoteleiros, e um notável aumento no faturamento do comércio em geral.

Por lá passa um grande número de bandas, e a cada ano surgem inovações, a exemplo da Tenda do Forró que surgiu há 2 anos e nesta está sendo acrescentado mais um item, a Festa Open Bar do Frajola Sergipe. Este ano a Festa do Boi será realizada no período de 12 a 15 de novembro. A festa teve seu início no ano de 1996, tendo como idealizador o senhor Aldón Luiz, um empreendedor de visão futurista, que atualmente é o prefeito do município.

Nossa Senhora das Dores, dista 73 quilômetros de Aracaju e tem uma rica cultura

Centenária. Quando na condição de Vila recebera o nome de “Enforcados”, o motivo teria sido o fato de que alguns gentios que ali habitavam durante o período colonial, terem sido enforcados em resposta à sua resistência, época em que os colonizadores portugueses estavam no comando da capitania da Bahia, fazendo suas investidas no propósito de abrir o caminho por terra para ligá-la à capitania de Pernambuco, já que Cirigype estava no meio; além da tentativa de capturar gentios com o propósito de escravizá-los. Sendo assim, os verdadeiros donos da terra que recebera o nome de enforcados (os índios) foram os responsáveis diretos pela origem do primeiro nome, já que foram símbolo de resistência.

Foi em 04 de outubro de 1606, que Pero Novaes recebera a doação de sesmaria com o propósito de criar gado bovino nas férteis terras banhadas pelos rios Sergipe e Japaratuba; à época de freguesia foi-se formando enforcados, chegando a Vila de Nossa senhora das Dores. Enforcados, localizava-se entre os territórios dos morubixabas siriry e Japaratuba, tendo o primeiro sido morto em uma das batalhas do que chamaram de “guerra justa”. Houve certo tempo (na fase inicial da colonização do território sergipano) que o colonizador aliava-se aos silvícolas para eliminar uma tribo que era inimiga da outra, desta forma uma relação amistosa, ao menos em parte. Mas, decorridos 3 anos da divisão do Brasil em capitanias hereditárias as relações foram estremecidas, substituindo o escambo que existia entre as duas partes pela tentativa de usar os donos da terra como fonte de mão-de-obra.

As duas primeiras tentativas de conquistar Sergipe (1575 e 1590) foram cruciais para os índios que habitavam o território, e nelas sempre aconteciam ações que incluíam o território de enforcados; na primeira, que fora comandada por Luis de Britto, mandatário do território baiano, este queimou aldeias inteiras, como também aprisionou grande número de indígenas, tornando-os escravos. Na segunda, que teve à frente Cristóvão de Barros, este empreendeu grande luta na busca por índios, lutando com cerca de 20 mil deles, que eram comandados por Baepeba, foi aí que morreram 1.600 gentios, Serigy foi abatido, outros chefes foram aprisionados; muitos fugiram para a parte mais interiorana (o sertão). Também nesta oportunidade 4 mil deles seguiram à pés, em penosa viagem para a Bahia na condição de escravos. Um verdadeiro genocídio agregado ao etnocídio.

Dores é um município que, como a maioria das comunidades brasileiras sofreu a influência de diversos povos, principalmente quando do período de formação. Um desses exemplos está em diversas práticas: a farinha, beiju, pé-de-moleque, acarajé, o uso de temperos, o preparo da carne de peixes, a carne de sol, dormir em rede, as vaquejadas, os terreiros de candomblé, grupos ciganos, corridas de argola, cavalgadas, música. Grupos de cidadãos que buscam o resgate e manutenção foram formados, inclusive com apoio da administração através de secretarias, a exemplo das Secretarias de Cultura e Turismo, Secretaria de Educação e as demais cada uma participando com planejamento e ações. Dentre algumas iniciativas particulares vale citar o a que veio a formar o Projeto Memórias Dorenses, formado por vários intelectuais do município, bem como alguns cidadãos comuns, unidos no objetivo de resgatar e preservar a memória local, promovendo estudos, simpósios, seminários, lançamento de livros e periódicos; além de palestras no município, no estado e até mesmo em outros estados da federação brasileira.

Várias formas de manifestação cultural mostram a dinâmica do povo daquele município, tido como o “centro de decisões” e “Portal de Entrada do Sertão”; existe no íntimo do seu povo o amor pela cultura, com várias manifestações e valores, existindo um cronograma anual. Várias pessoas através de práticas culturais, tem contribuído, de forma a fazer com que os dorenses sejam mais bairristas. Dentre vários nomes poderíamos citar: nas artes plásticas, Hortência Barreto, Adauto Machado, Zito, Daniel, João Almeida, Manoel Moura, Zezinho, Tota e André. Na literatura e História, temos o também advogado José Lima Santana; os professores e historiadores João Paulo Araújo de Carvalho e Luiz Carlos de Jesus, Manoel Moura, este também poeta e artista plástico, ambos à frente do Projeto Memórias Dorenses. Em tantas outras áreas são inúmeros representantes que causam orgulho aos dorenses: O escultor Ademilson Marcos dos Santos (Liliu), que tem sido o destaque, com suas obras em madeira ou pedra, tem levado o nome de Dores além fronteiras, participando de exposições não só em Sergipe, como em outros estados, a última delas há cerca de dois meses no Rio de Janeiro. O mesmo saiu do anonimato graças à colaboração da Artista plástica Hortência Barreto (madrinha) e o jornalista Antônio Carlos Rocha. Outro nome que merece destaque é o de Terezinha Barbosa, carinhosamente chamada de “d. Terezinha”, que juntamente com Hortência Barreto fez o resgate da confecção das tradicionais bonecas de pano de Nossa Senhora das Dores. Ela também é responsável pela orientação do Grupo Renovação, um grupo de pessoas da terceira idade que faz apresentações de Samba de Coco dentro e fora do estado.

Edilberto Andrade é outro grande nome que se confunde com a história do município, o músico de saudosa memória empresta seu nome à recém formada Associação dos artesãos do município, a Associação Artesanal Edilberto Andrade. O professor “Marcos capoeirista”, é um dos grandes responsáveis pela difusão da referida prática no município, tem feito com que sejam realizados alguns eventos da área, como também em alguns eventos estaduais alunos sob o seu comando tem conseguido as primeiras colocações. José Cícero (Zé de Neném) é outro nome, este ligado à música, foi vocalista do Conjunto Musical Embalo D, um grupo musical genuinamente dorense que na década de 70 tornou-se um dos maiores do Norte e Nordeste brasileiro, sempre sob o comando da irreverente Gerusa e seu irmão Tonho. Zé de Neném é também o autor do hino do município.

O senhor Juquinha, é outro grande nome, hoje aos 86 anos de idade e espírito jovial, sempre sentado à porta de sua casa que fica no calçadão, no centro da cidade, lembra com saudosismo os anos 60 e 70, ocasião em que foi prefeito do município e em 1968 foi homenageado em evento no Iate Clube como sendo o melhor administrador municipal do estado; no período em que Lourival Batista governava o estado. Também contribuíram para o desenvolvimento do município nomes como, Orestes de Souza Andrade, o coronel Francisco de Souza Porto, o

Monsenhor Soares, a professora Maria da Glória, Ariston Azevedo, o professor Osmã Oliveira, João Libanio, Tancredo vieira, Manuel Pereira Santos (o Pajaú).

O município de Dores no seu potencial cultural cataloga e compõe-se também de diversos grupos musicais, composto por mais de uma dezena de grupos, mostra que desde muito existe uma predileção natural do seu povo pela música, bastando remontar ao período dos anos 40, 50 e 60 quando vários grupos de samba de roda se formaram no bairro João Ventura e na região periférica, para aquele lado principalmente na região que hoje recebe o nome de “Gentio e Ascenso”. Um pouco depois a natural evolução dos tempos fez com que surgissem os conhecidos conjuntos musicais, onde o precursor foi o “Embalo D”, que na sua abreviatura significa- Embalo Dorense. Daí vários começaram a surgir, a exemplo de Os Filhos da Terra, Banda Xêpa, Os Tarântulas, Os Inocentes, Country Ban, Expressão A4, Colibrí, Ideologia, Ciganos do Arrocha. Também na área da música temos os inesquecíveis Pedrinho do Violão, o Gileno seresteiro, ambos significaram a redenção do município quando o assunto é seresta; também outro nome, este ainda entre nós é o de Raimundo Cardoso, detentores de verdadeiras vozes de ouro.

O seu calendário cultural é vasto, já no mês de janeiro, a terra que é reconhecida tradicionalmente como a terra da Carne de Sol realiza algumas comemorações desta característica; se iniciam também as Sextas Culturais. No mês de fevereiro, que é do carnaval, são realizadas algumas manifestações localizadas; no mês de fevereiro algumas secretarias municipais realizam projetos relativos à Semana de Arte; em abril é chegado um dos maiores períodos festivos, desta vez a dimensão é para o lado religioso do município que tem maioria católica entre seus habitantes, em um só dia são realizadas quatro procissões de penitencia: A procissão do Senhor Morto, do Cruzeiro do Século, do Madeiro e a dos penitentes, a hotelaria local vive um dos maiores períodos de grandeza; entre os meses de abril e maio realiza-se a Micarense, que é o carnaval fora de época, onde os quatro blocos de foliões desfilam pela rua e por toda a noite durante três dias seguidos a festa une as pessoas, inclusive muitos turistas que participam nas ruas ou no Palco montado na Praça de Eventos.

No mês de maio e junho o povo dorense já entra no clima das festas juninas, onde todas as escolas realizam forrós, desde aquelas da sede como cada uma dos povoados. São realizados também os concursos: Rainha do Milho, Garota caipira, de Carroças, Cavalgadas, Quadrilha; Encontro de Sanfoneiros. Em agosto é comemorada a Semana do Folclore.

Em setembro, mais uma vez a religiosidade do povo dorense entra em evidência, é então realizada a Festa da Padroeira que empresta seu nome à cidade, Nossa Senhora das Dores, quando muitos de seus filhos que residem em grandes centros após, tiram férias para assim participar da festa de devoção. É também o mês de memoráveis desfiles cívicos, já que neste mês se comemora a independência do Brasil; este ano, por adequação, sendo realizado no dia 23 de outubro, data da Emancipação Política do município.

Em 28 de abril de 1858, a povoação foi elevada à categoria de Freguesia e Distrito Administrativo, permanecendo assim durante 61 anos. No dia 23 de outubro de 1920, passou à categoria de cidade, desmembrada dos municípios de Capela e Divina Pastora.

No mês de outubro mais uma vez a comunidade demonstra os seus brios , em especial vive-se mais profundamente a dorensinidade, remontando-se ao passado de luta, onde até mesmo o nome da localidade quando ao tempo de Vila mostra quanta luta e sofrimento teve tais terras como palco em tempos primevos. Remonta-se então ao tempo em que o gentio que era o verdadeiro dono cedeu lugar aos colonizadores, como também à base da forca e do ferro entregou sua força de trabalho, sem abrir mão do principal, a consciência. Embora alguém negasse, eles tinham alma, sim.

Em novembro a cidade se transforma na Barretos Nordestina, é a vez da Festa Do Boi, que tem tudo a ver com a vocação do município desde que ele nasceu. Em dezembro mais uma vez, cristãos em sua maioria naquele município se unem e comemoram a chegada do ano novo, a confraternização é feita em casa ou em praça pública assistindo a shows de música complementado por Show Pirotécnico.




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